domingo, 11 de abril de 2010

Parte II - O que eu me tornei


Caminhou cambaleando para o corredor que levava até o banheiro e observou a porta ao lado do seu quarto, a do quarto de seus pais, aberta e então lembrou que viajaram com sua irmã mais nova e estava só em casa. Deu um suspiro como que se encorajando para enfrentar o dia e voltou a rumar para o banheiro. Para sua surpresa, no espelho da pia, observou um rosto magro, pálido, com olheiras enormes, embora sutis, cabelos castanhos claros sem um corte definido, lisos, na altura do pescoço, embora tivesse acabado de acordar parecia que havia ficado penteando-o há horas. Esse era seu rosto, mas achava estranho como não o era capaz de reconhecer sempre que acordava do mesmo pesadelo que acabara de acordar.
O banheiro era grande, pisos claros com detalhes em um marrom claro e azulejos brancos. Além das duas lâmpadas, uma no teto e outra ao lado do espelho, da janela em frente ao chuveiro, do lado de dentro do Box fumê, entrava uma claridade considerável devido ao poço de luz. Tanta iluminação às vezes o deixava incomodado, o que não era o caso. Ao abrir o chuveiro uma imagem assustadora veio à sua mente. Ficou paralisado. Sentiu cada gota de água que tocava sua pele como ácido. Não conseguiu sequer gritar. Já ajoelhado agarrou os ombros com tamanha força que ouviu seus ossos estralando. Tentou de alguma forma não acreditar que era verdade, mas se fosse realmente outro pesadelo essa seria a primeira vez que o estava tendo. A água no chão do banheiro já estava um pouco avermelhada e o garoto sentiu o cheiro forte de sangue, provavelmente o seu. Em um momento de desespero soltou os ombros, abriu o Box e, já do lado de fora se enrolou em uma toalha tentando se acalmar.
Momentos depois, um pouco mais calmo, vestido com uma calça jeans e de sandália, conferiu suas costas no espelho do corredor e se assustou novamente. Estava todo machucado de fato, como se a água tivesse mesmo corroído sua pele. Um pouco atordoado, correu para a pia da cozinha, por sua vez não muito grande, abriu a torneira e colocou sua mão direita sob a água a fim de fazer um teste. Poucos momentos suportou com a água em sua mão antes que começasse a doer, e como o tempo o fez se acostumar a suportar a dor, deixou mais um tempo e percebeu sua mão sendo corroída pela água. Mil besteiras passaram por sua cabeça, mas decidiu não fazer nada até que estivesse calmo. Sentou-se no sofá alaranjado de dois lugares da sala, o que ficava ao lado esquerdo da porta e de frente com a estante onde ficavam a TV grande, o rádio e os demais aparelhos. Olhando por sobre o sofá de três lugares, para a janela da frente da casa, tentava raciocinar o que poderia ter acontecido.
Minutos depois o telefone tocou, rompendo o silêncio e o pensamento do garoto ainda deveras confuso. Levantou-se lentamente e caminhou até a estante para atendê-lo.
- Alô - Disse o garoto com o telefone na mão antes mesmo de colocá-lo na orelha.
- Ei cara, o que foi que houve? Esqueceu do “Churras”? A galera tá toda aqui em casa te esperando. E daqui a gente vai pro parque aquático com as meninas lembra? - Dizia a voz do outro lado da linha super animada, que o garoto já conseguia identificar. Era Thomas, seu amigo desde que tinham quatro anos de idade.
- Murphy - Deixou escapar, o garoto, já pensando em uma boa desculpa, embora soubesse que não importaria o quão convincente fosse, seu amigo não iria acreditar.
- Não entendi! - Exclamou Thomas com ar de curiosidade.
- Olha Tom, é o seguinte, não vai dar pra eu ir, se ao menos eu soubesse explicar porque já estaria de bom tamanho. Me perdoe por essa, mas não vai dar. - Desabafou o rapaz sem ter idéia de como mentir.
- Leon, você esperou seis meses pra hoje e ta dizendo que não vai? - Retrucou o amigo com voz alta e certa autoridade.
- Tom, eu já disse, não vai dar e pronto, não sei o que houve e você sabe que se fosse qualquer coisa que eu soubesse lhe contaria, então, por favor, não insista!- Respondeu o rapaz também com a voz alterada tentando impor a mesma autoridade - E não me chame assim perto dos outros. As meninas estão aí? - Perguntou com a voz baixa novamente e com certa preocupação.
- Não. Você sabe que só te chamo assim quando “to puto” com você! - Falou com a voz baixa também e com certo receio. - Mas você sabe que isso é uma puta mancada né? - Disse Thomas tentando uma última vez convencer o amigo.
- Não, não é, e você irá descobrir isso logo, infelizmente. – Desabafou para o amigo com a voz ainda mais baixa. – Até logo, divirtam-se. – Despediu-se do amigo e desligou o telefone sem esperar resposta com um estranho arrependimento.
Olhou em sua mão tão logo desligou o telefone e não havia mais sinal algum de ferimento. Espantado, correu para o corredor para conferir suas costas e também não havia mais sinal algum.
- Mas será que eu estou ficando louco, droga? – Pensou alto enquanto se dirigia a pia do banheiro a fim de conferir novamente. Para sua tristeza, a água ainda o machucava, porém, após uma detalhada observação, notou que seus ferimentos se curavam com uma velocidade fora do normal.
- Caramba, mas que criatura que se regenera e se machuca com água? – Se perguntava o garoto revirando em sua cabeça à procura de qualquer história que já tivesse ouvido, lido, assistido ou até mesmo criado, sem êxito.

Conto de Universitário


Olá queridos leitores, mais uma semana se passa e, devido a inúmeros afazeres, acabamos deixando de postar o de costume. Porém, há ainda alguns trechos do conto do nosso amigo “O Estudante” que podemos postar, embora não tivesse acontecido uma espera muito grande por isso. Não que seja uma regra, mas uma vez por mês, ao menos, tentaremos postar mais uma parte dessa história. Esperamos que gostem. Abraços da equipe VdU e boa semana!!!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Marmotagem – O céu é o limite...


Olá queridos leitores do Vida de Universitário, eu o vulgo Marmota, venho mais uma vez até vocês tentar expor um pouco mais da minha tão limitada sabedoria afim de alcançar uma possibilidade, que seja, de mostrar algo que possa ser útil (ou não).

Vejam bem, há algo em comum em certas ações que às vezes nos passa despercebido. O limite. É sobre isso que eu irei tentar falar um pouco (ênfase no tentar).

Desde o quanto você consegue comer em uma lanchonete, o quanto você consegue beber, até coisas (significativas) como quanto tempo você agüenta ficar sem dormir ou coisas tensas como noção em uma espécie de prova de amor, possuem certos limites que só nós mesmos conhecemos (as vezes nem nós mesmos), e, diga-se de passagem, alguns nós adoramos extrapolar. O ponto aqui é: Quais desses limites são realmente perigosos?

Alguns, facilmente são notáveis, como os que podem levar a um coma alcoólico (esse é tensíssimo), choque anafilático (mero protocolo), LER de tanto escrever (sim, já houve um caso) e etc. Já outros podem ser mais perigosos que estes simplesmente pela dificuldade de se notar seu real nível de perigo (abstraia, vamos lá), o que complica ainda mais a situação. Enfim, nada disso é tão sério que mereça preocupação demais, porém nem tão simples que a dispense completamente (em suma, continuem como você já age). O segredo pra tudo é o meio termo.

Então fica mais uma pergunta, há limite para o meio termo?

Abraços pessoas...

...tenham um ótimo fim de semana...

...Marmota!