terça-feira, 17 de agosto de 2010

Parte IV – Calor (a)


Chegaram, ao churrasco, a casa lilás de Thomas era grande, ficava no fundo de uma data extensa. Na frente da casa, uma grande área coberta já repleta de mesas e à direita a grande churrasqueira. Em frente à parte coberta um comprido quintal gramado com três coqueiros à esquerda e à direita, em frente aos coqueiros, a piscina olímpica, sendo usada no momento para biribol. Tinha muitas pessoas. Muitas, inclusive, que o rapaz conhecia, o que era raro.
Não demorou até que encontrasse as garotas nas quais seriam o principal motivo para o programa. Sentado em uma cadeira de plástico próxima à churrasqueira e encostada na parede da casa, de frente com parte da piscina, fitou uma garota em especial. A que, para o rapaz, era de fato muito especial. Logo a garota de corpo escultural, ainda mais atraente usando um biquíni laranja, percebeu os olhares dele e decidiu sair da piscina para conversar um pouco. Seu rosto tinha traços orientais, lábios carnudos, olhos negros e seu cabelo, embora liso, tinha um corte estranho todo repicado com mexas de diversas cores.
Mal a garota se aproximou dele já puxou uma cadeira ao seu lado se levantando para cumprimentá-la.
- Nossa. Que saúde. – Lisonjeou a garota enquanto a cumprimentava com um beijo no rosto e um abraço.
- Ai seu chato. – Sorriu ficando vermelha de vergonha sentando-se sem tirar os olhos do rapaz. – E então, o Tom me disse que você não viria, fiquei até preocupada, você insistiu tanto pra que eu viesse, o que houve? – Indagou esboçando um sorriso.
- Ainda bem que veio, sabe que é o principal motivo pra eu estar aqui não sabe? – Desconversou com uma pergunta enquanto se levantou. – Quer uma cerveja ou refrigerante? – Ainda sem tirar os olhos da garota ajeitou os cabelos para trás.
- Uma água só. – Respondeu abaixando a cabeça sem tirar o sorriso do rosto. – Ah, aproveita e pega alguma coisa pra gente beliscar! – Sugeriu erguendo a cabeça com o sorriso um pouco mais suave.
O rapaz trouxe a água para a garota sem tirar da cabeça a ironia do destino e foi direto para a mesa em frente à churrasqueira cortar algum pedaço de carne que já estivesse pronto para eles. Sem olhar, pegou os talheres mais próximos e começou a cortar alguns pedaços de carne que seu amigo estava retirando da grelha. Segundos depois percebeu a cara de espanto dos dois irmãos Sven que estavam à sua frente. Silvio era mais novo que os demais, menor também, bastante robusto, o rosto arredondado, cabelos negros bastante enrolados, olhos amendoados e pele negra. Estava vestido com uma regata branca e de bermuda florida. Seu irmão Lúcio, bem diferente, era alto, atlético, tinha o rosto quadrado, olhos azuis, cabelos loiros cacheados e pele alva. Ambos estavam boquiabertos olhando para o rapaz que cortava carne.
Um pouco preocupado, olhou para a tábua de carne e, enfim, percebeu o porquê do espanto. Os talheres estavam vermelhos, escaldantes e ele não havia notado. Não sabia se ele havia os deixado desse jeito ou se apenas não havia percebido que pegou talheres aquecidos por sacanagem, o que lhe parecia mais provável vindo daqueles irmãos.

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